Resposta à Carta das mulheres indígenas de Brasília para o Brasil

Salvador-Bahia, 04 novembro de 2021. 

Para começar, espero que vocês estejam bem e com saúde. 

 Eu Andréia Nascimento de Lima, mulher negra, brasileira, veio por meio desta carta, dizer o quanto estou triste e revoltada por tudo que anda ocorrendo no Brasil, aliás por  tudo que vem acontecendo há anos. A falta de respeito, a desumanidade, a violência com  os povos indígenas e com a população negra do nosso país. 

 Por isso estou escrevendo esta carta para dizer que não desistam irmãs indígenas, eu  não irei deixar de continuar lutando pelos nossos direitos. Tal como afirma a líder  indígena Sônia Guajajara, apoiar a causa indígena hoje é lutar pela nossa própria  existência. Dessa forma, eu e vocês irmãs indígenas vamos continuar lutando contra essa  sociedade doente, machista, misógina, racista, que sem enxergar flerta com o fascismo e  cada vez mais destrói os direitos sociais e extermina nós mulheres. Infelizmente,estamos diante de um governo genocida, autoritário, inimigo da ciência e da educação, que tem  mirado na vida de nós mulheres sobretudo as indígenas, as negras e as periféricas. 

 Estão mirando na nossa dignidade, mas eu só peço que vocês sejam fortes,os brancos  que se acham donos de tudo, não podem calar nossas vozes. Irmãs, exterminaram muitos  dos nossos ancestrais, mataram e continuam exterminando nossos povos, porém a nossa  voz eles não vão silenciar. Continuaremos por nós, por todas nós: eles combinaram de  nos matar, nós combinamos de viver. Quero dizer também que estou aprendendo a ter  potência do corpo, cultivando a minha ancestralidade igual à vocês, porque vocês povos  indígenas sabem que as coisas estão dentro, não fora de nós.  

 Além disso, irmãs indígenas a cada dia que passa eu estou indo contra essa lógica  ridícula capitalista que diz que a vida tem que ser utilitária e consumista. Como cita o  escritor Ailton Krenak, a vida não é para ser útil, a vida é tão maravilhosa que a mente  das pessoas tenta dar uma utilidade para ela, mas a vida é fruição, a vida é uma dança.  Desse modo, nós temos que ter coragem de sermos radicalmente vivas/os e não  negociarmos nossa sobrevivência.  

 Ademais, quero agradecer por vocês protegerem e preservarem tão bem a mãe natureza, porque vocês sabem que ela é parte de nós e sem ela tampouco existiríamos. Mulheres indígenas do Brasil, sonho com o dia que nós possamos viver em paz, em uma  sociedade que respeite nossos corpos e nossa dignidade. Por fim, irmãs desejo muita

saúde e forças. Não vamos nos calar, as nossas vozes continuarão ecoando em todos os  cantos do Brasil, seremos resistência. 

Direitos humanos e Demarcação das terras indígenas já!!!! 

Queridas parentes recebam esta carta com amor e gratidão. 

Obrigada, a todas/es vocês! 

Atenciosamente, 

Andréia Nascimento de Lima 

Graduanda em Serviço Social 

Universidade Federal da Bahia


Essa carta foi uma resposta à carta das mulheres indígenas de Brasília, para acessá-la clique aqui:

Mulheres indígenas para Brasil.


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