Gamela: Carta de solidariedade dos Gamela para os Guarani e Kaiowá de Ñanderú Marangatú



 

                                                       
  

Maranhão, 31 de agosto de 2015


Povo Gamela manifesta solidariedade aos Guarani e Kaiowá de Ñanderú Marangatú


CARTA AOS PARENTES GUARANY E KAIOWÁ

Parentes, nós, Povo Gamela, do estado do Maranhão, sentimos profundamente a dor dos parentes Guarani e Kaiowá do TEKOHA ÑANDERU MARANGATU –ANTONIO JOÃO, Mato Grosso do Sul, por causa dos ataques de pistoleiros/fazendeiros que assassinaram a jovem liderança SIMIÃO VILHALVA. Estamos unidos espiritualmente a vocês que estão lutando pelo sagrado direito de retorno ao seu Tekoha, diante da omissão criminosa do Estado Brasileiro. A determinação e coragem de vocês, parentes, fortalecem o nosso povo para também retomarmos nossa terra que foi grilada e roubada. Parentes, estamos unidos a vocês na determinação de retomarmos nossas terras que foram roubadas. Sintam no abraço do vento aos seus corpos o nosso abraço. Que a força dos nossos Encantados e Ancestrais e a Sabedoria dos nossos Sábios e Sábias sustentem nossos pés e nossas mãos para a luta em defesa da nossa.

Mãe Terra.

Povo Gamela

Tempo dos Ipês


Fonte: https://cimi.org.br/2015/08/37598/

CIR: Carta de repúdio ao Massacre de Caarapó e assassinato de Clodiodi de Souza (Kunumi Poty Verá)



 Boa Vista, 15 de junho de 2016.

 

O Conselho Indígena de Roraima (CIR), diante do massacre cometido contra os povos indígenas Guarani e Kaiowá, da Terra Indígena Dourados – Amambai Peguá, município de Caarapó do estado de Mato Grosso do Sul, ocorrido nesta terça-feira, 14, tirando a vida de mais uma liderança indígena, Clodiodi Aquileu Rodrigues de Souza, 26 anos, e deixando outros seis gravemente feridos, entre eles, uma criança, veemente repudia o massacre e ao mesmo tempo, manifesta ao Estado e a sociedade brasileira um questionamento. Até quando esse massacre contra nós povos indígenas do Brasil, contra os povos indígenas de Mato Grosso do Sul?

De longe acompanhamos tamanho massacre, violência e ameaça cometido contra nossos parentes indígenas de Mato Grosso do Sul, mas podemos sentir na pele a dor da violência, da morte, a agonia da perseguição, sobretudo, da falta de sensibilidade e respeito humano que nos afetam cotidianamente.  

O cenário de massacre provocado a mando dos fazendeiros, latifundiários, do agronegócio desse país, culmina, com uma série de ataques aos nossos direitos originários, principalmente, os nossos direitos a terra, fonte da nossa vida. Entre os ataques, temos como principal ameaça a Proposta de Emenda Constitucional 215 (PEC 215) e outros projetos como, construção de hidrelétricas, mineradoras, rodovias, que visam avançar sobre nossos territórios indígenas.

Mas a luta pela defesa dos territórios indígenas tem sido uma luta contínua e pouco a pouco vamos reconquistamos nossas terras que, historicamente, foram invadidas, roubadas e hoje, serve como máquina de destruição nas mãos dos grandes fazendeiros, latifundiários que cada vez mais insistem em avançam sobre os nossos territórios sagrados.

Diante desse cenário de massacre à nós povos indígenas do Brasil, em especial, aos povos indígenas de Mato Grosso do Sul, o CIR, em nome das lideranças indígenas das diversas regiões, somando uma população de aproximadamente 60 mil indígenas, de 470 comunidades indígenas, dessas comunidades, atuando em 235, pertencentes aos povos indígenas Macuxi, Wapichana, Ingaricó, Patamona, Sapará, Taurenpag, Wai-Wai, Yanomami e Yekuana, também presta solidariedade aos familiares de Clodiodi Aquileu Rodrigues de Souza, e na certeza de que a luta indígena no Brasil é uma luta coletiva, manifesta sentimentos de esperança, força e resistência aos parentes indígenas Guarani e Kaiowá e demais povos do Brasil.

Juntos pela resistência e luta indígena no Brasil.

Conselho Indígena de Roraima


APIB: Nota de repúdio e pesar pelo assassinato do guardião Paulo Paulino Guajajara



Maranhão, 2 de novembro de 2019 


– É com profunda tristeza e revolta, que nós, da Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (APIB), vimos a público denunciar e prestar solidariedade ao Povo Guajajara pelo assassinato do guardião Paulo Paulino Guajajara após o grupo dos agentes florestais indígenas “Guardiões da Floresta” ter sido emboscado por madeireiros dentro de seu próprio território. O líder indígena guardião Laércio Guajajara também foi ferido, ele está internado e seu quadro é estável.


O crime ocorreu ontem no interior da Terra Indígena Araribóia, região de Bom Jesus das Selvas-MA, entre as aldeias Lagoa Comprida e Jenipapo. Houve intenso confronto. O indígena Paulo Paulino Guajajara, conhecido como “Lobo mau”, foi brutalmente assassinado com um tiro no rosto. Há informações de que um madeireiro envolvido no crime também pode ter morrido no confronto, seu corpo está desaparecido.


O Governo Bolsonaro tem sangue indígena em suas mãos, o aumento da violência nos territórios indígenas é reflexo direto de seu discurso de ódio e medidas contra os povos indígenas do Brasil. Nossas terras estão sendo invadidas, nossas lideranças assassinadas, atacadas e criminalizadas e o Estado Brasileiro está deixando os povos abandonados a todo tipo de sorte com o desmonte em curso das políticas ambientais e indigenistas.


Neste momento, oito líderes indígenas da APIB estão em uma intensa jornada pela Europa para denunciar a grave crise de direitos humanos que os povos indígenas do Brasil enfrentam sob o presidente Jair Bolsonaro. Intitulada “Sangue Indígena: Nenhuma Gota a Mais”, a campanha pede às autoridades e aos líderes empresariais da Europa que respondam à crescente violência e devastação ambiental na Amazônia e em todo o país.


Um relatório recente do Conselho Missionário Indígena do Brasil (CIMI) mostrou um aumento dramático da violência contra comunidades nativas e invasões de territórios indígenas. Durante os primeiros nove meses de posse de Bolsonaro, houve 160 casos relatados de invasões de terras, o dobro dos números registrados no ano passado.


Sonia Guajajara, coordenadora executiva da APIB e liderança do Povo Guajajara, declarou que o Território Indígena Araribóia está em luto e que já faz tempo que eles vêm denunciando a situação de ausência do poder público na proteção dos territórios indígenas, assim como a invasão do território Araribóia para a exploração ilegal de madeira e a luta dos guardiões para protegê-lo. “Não queremos mais ser estatística, queremos providências do Poder Público, dos órgãos que estão cada vez mais sucateados exatamente para não fazerem a proteção dos povos que estão pagando com a própria vida por fazer o trabalho que é responsabilidade do Estado. Exigimos justiça urgente!”.


Nesta segunda-feira, dia 4, está agendada audiência pública em Imperatriz (MA) para discutir o arrendamento dos Territórios Indígenas e o entreguismo para o agronegócio. Não aceitaremos a legalização da destruição de nossos territórios.


Sabemos que os povos indígenas em todo mundo são responsáveis pela preservação de 80% da biodiversidade, assim como para o combate à crise climática que é um dos maiores problemas enfrentados pela humanidade neste século XXI. Onde há indígenas, há floresta em pé. Por isso, um ataque aos nossos povos, representa um ataque a todas às sociedades e ao futuro das próximas gerações.


É preciso dar um basta à escalada dessa política genocida contra os nossos povos indígenas do Brasil. É por isso que estamos com a nossa campanha pelos países da Europa, para alertar ao mundo o que está acontecendo no Brasil e pedir apoio para que nenhuma gota a mais de sangue indígena seja derramada.


Sangue Indígena: Nenhuma Gota Mais!


Articulação dos Povos Indígenas do Brasil


Foto: Guardiões Guajajara estão protestando pela proteção de sua terra. © Guardiões Guajajara


Fonte: https://racismoambiental.net.br/2019/11/02/apib-nota-de-repudio-e-pesar-pelo-assassinato-do-guardiao-paulo-paulino-guajajara/