Agnelo Temrité Wadzatsé, indígena do povo Xavante, é cacique e um importante representante da luta de seu povo, sendo porta-voz das lutas pelos direitos dos povos indígenas, principalmente dos territórios tradicionais dos Xavante. Aos 10 anos, em 1981, seu pai se mudou para o local onde nasceu, a aldeia São Marcos, localizada no município Barra Do Garças. Lá, Agnelo teve um contato maior com o português através de uma família evangélica, e com eles se alfabetizou e aprendeu a língua. Foi incentivado a participar na luta Xavante por seu tio, Mário Juruna, que fundou em 1975, junto ao pai de Agnelo, a aldeia Namunkurá.
Quando concluiu o primeiro grau nos estudos, Agnelo começou a acompanhar lideranças Xavantes, se envolvendo mais na luta pelos direitos de seu povo. Ao final de 1998, com o auxílio de Álvaro Tukano, liderança do povo Tukano, inseriu-se mais profundamente na luta por meio da Coordenação das Organizações Indígenas da Amazônia Brasileira (COIAB), tendo sido a primeira liderança indígena do Mato Grosso a ocupar um lugar no conselho da coordenação. Agnelo se candidatou e passou para o cargo de Coordenador Secretário Geral da COIAB, tendo que deixar sua posição de cacique do seu povo após dois anos de atuação. Quando deixou a comunidade, nomeou seu irmão para atuar como cacique em seu lugar.
Em 2001, foi eleito o primeiro indígena Xavante atuante na COIAB, assumindo mais tarde a vice-coordenação. Ocupou esse cargo por um ano, e, em 2006 foi candidato à presidência do Conselho Deliberativo e Fiscal da COIAB (CONDEF) na terra indígena Raposa Serra do Sol. Sua atuação na COIAB o levou a ser ainda mais ativo na luta por territórios tradicionais indígenas, e a partir de 2006, como presidente da CONDEF, organizou a volta para a terra Marãiwatsédé, território Xavante onde os indígenas lutaram pela desintrusão da terra, já que a Justiça Federal não havia concretizado a posse efetiva da terra indígena aos Xavante, que enfrentavam diversos conflitos com posseiros ilegais.
Apesar da extensa luta, a desintrusão da terra Marãiwatsédé foi considerada completa pela Funai apenas em 2013. Mesmo que o processo de demarcação e reconhecimento oficial das terras do povo Xavante tenha cumprido todas as etapas, o povo ainda enfrenta invasões de não-indígenas, e têm suas terras assoladas pelo desmatamento, sendo consideradas as terras mais desmatadas do Brasil segundo o Projeto de Monitoramento do Desmatamento na Amazônia Legal (Prodes) em um levantamento de 2011.
Agnelo Temrité Wadzatsé, ou Agnelo Xavante, tem participação ativa nas discussões sobre a saúde indígena, ele ajudou a criar o Distrito Sanitário Especial Indígena Xavante (DSEI Xavante), onde atuou como presidente no Conselho Distrital de Saúde Indígena (Condisi). Agnelo é uma importante voz de seu povo, e afirma que “meu compromisso e minha vocação é com o movimento indígena”. Após a morte de seu irmão, voltou a ser cacique, e pretende permanecer nesse posto.
Para saber mais acesse:
https://pib.socioambiental.org/pt/Povo:Xavante
https://www.maraiwatsede.org.br/
https://www.youtube.com/watch?v=UNItJ8YZ_LQ
Texto de: Érica Damasceno
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