João Natalício dos Santos Xukuru-Kariri foi assassinado a facadas na madrugada de 11 de novembro de 2016¹ na porta de casa. Seu João, liderança indígena, morreu no quintal da sua residência na aldeia Fazenda Canto, TI Xucuru-Kariri, fontes indicam que a liderança foi assassinada por conhecidos que o atraíram e desferiram golpes até sua morte.
Assim como seu João, muitos indígenas são assassinados no Brasil a todo momento, a única diferença está na proveniência dos golpes que dizimaram povos inteiros. O Estado ainda se mostra como máquina mais letal no etnocídio de povos nativos, quando a omissão se é somada à invasão e exploração de terras agrava o cenário predominante de violência.
As violências sutis são somadas ao longo dos séculos de exploração e indeferimento dos direitos dos povos indígenas. Os direitos mais básicos como moradia, saúde e educação são exigências recorrentes nas cartas escritas pelos povos indígenas e endereçadas ao Brasil, Brasil esse cada vez mais distante da performance de destinatário.
Só no primeiro ano do Governo Bolsonaro foi registrado o maior número de lideranças indígenas assassinadas comparadas aos 11 anos anteriores segundo o relatório emitido pelo Conselho Indigenista Missionário (CIMI). As invasões de terras e esquemas de grilagem ganharam destaque desde o cumprimento da promessa de governo do presidente em que afirmou não assinar mais nenhuma nova demarcação de Terras Indígenas, com isso os conflitos frequentes aumentaram a lista de indígenas assassinados, como os 40 indígenas Guajajara, incluindo Paulino Guajajara, mortos em conflitos com madeireiros entre os anos de 2000 e 2019.
Além da luta por direitos e contra invasores, os povos indígenas do Brasil vêm sofrendo a defasagem na educação e saúde, esse último agravado pela pandemia e que envolve uma série de fatores e consequências que agridem de diferentes formas o ser indígena. Recentemente temos tido contato com lutas que parecem inéditas para alguns grupos, a necessidade de ação e união para o enfrentamento de verdadeiros atentados contra a vida, atentados esses que os povos indígenas vivenciam há séculos e que são marcados por nomes que muitas vezes passam por desconhecidos - isso quando são noticiados. Nomes como Nísio Gomes, Paulino Guajajara, Kunumi Poty Verá, Simeão Vilhalva, João Natalício e tantos outros guerreiros e guerreiras indígenas serão sempre recordados em cartas para não morrer.
¹://cimi.org.br/2016/10/38918/
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